Eu nasci e cresci na Lapa. Minha família toda viveu nesse lugar. Quando meu bisavô paterno veio da Síria, fugindo da primeira guerra, encontrou ali uma filha de espanhóis, também imigrantes fugindo. Casaram e se estabeleceram.
Do lado da minha mãe, o pai da minha avó Angelina tinha uma loja de sapatos na Rua Doze de Outubro, ainda hoje o centro comercial do bairro. Imigrantes italianos que se estabeleceram e criaram suas raízes... onde ela mesmo trabalhava, fazendo flores de tecido para os chapéus que eram vendidos na loja.
Infelizmente de nenhum lado das famílias (tanto do meu pai quanto da minha mãe) ninguém falava sobre o passado. Meu bisavô se recusava a ensinar a gente a falar árabe. Apesar de ter em mãos a sua bíblia ortodoxa na língua natal, ele dizia que o Brasil era a pátria dele e por isso ele só falava português.
Muitas coisas ficaram sem sentido para nós, os que vieram depois. Muitas histórias e a genealogia da família se perderam, foram esquecidas. Por exemplo, a mãe da minha bisavó (minha tataravó) tinha o sobrenome Lorca, era parente do poeta espanhol, mas nós nunca soubemos ao certo, nunca encontramos informações sobre isso e ela não falava no assunto. Nenhum documento restou, passaporte, certidões... nada... enfim, eles fizeram a escolha de esquecer de onde vieram e devemos respeitar, apesar da curiosidade.
Quando eu ia pro cursinho, nos anos 80 e poucos, meu busão passava pelo meio do bairro. Depois fui trabalhar na avenida Paulista e de novo, meu busão passava pelo meio da Vila Ipojuca e me lembro de ficar admirando as ruas, achando tudo lindo... Mal sabia que um dia eu moraria aqui =)
Infelizmente de nenhum lado das famílias (tanto do meu pai quanto da minha mãe) ninguém falava sobre o passado. Meu bisavô se recusava a ensinar a gente a falar árabe. Apesar de ter em mãos a sua bíblia ortodoxa na língua natal, ele dizia que o Brasil era a pátria dele e por isso ele só falava português.
Muitas coisas ficaram sem sentido para nós, os que vieram depois. Muitas histórias e a genealogia da família se perderam, foram esquecidas. Por exemplo, a mãe da minha bisavó (minha tataravó) tinha o sobrenome Lorca, era parente do poeta espanhol, mas nós nunca soubemos ao certo, nunca encontramos informações sobre isso e ela não falava no assunto. Nenhum documento restou, passaporte, certidões... nada... enfim, eles fizeram a escolha de esquecer de onde vieram e devemos respeitar, apesar da curiosidade.
Quando eu ia pro cursinho, nos anos 80 e poucos, meu busão passava pelo meio do bairro. Depois fui trabalhar na avenida Paulista e de novo, meu busão passava pelo meio da Vila Ipojuca e me lembro de ficar admirando as ruas, achando tudo lindo... Mal sabia que um dia eu moraria aqui =)
Casei e me mudei, primeiro para a Pompéia, depois vim pra cá. O termo "Ipojuca" vem do dialeto tupi, yapó-yuca, que significa riacho ou brejo.
A Vila Ipojuca é um pequeno bairro, onde imigrantes do leste europeu se estabeleceram há muitos anos: húngaros, croatas, búlgaros, thecos e até russos. (Algumas ruas no bairro têm os nomes desses povos. Temos a Rua Croata, a Rua Búlgara e a Rua Húngara =) ah e a Praça Tcheco, que não é praça, é uma escola de educação infantil.)
Infelizmente todas essas pessoas, inclusive as da minha família, tiveram que sair de seus países, abandonar suas casas e seus amigos e mesmo outros parentes para começar uma nova vida em um lugar completamente diferente... mais triste ainda é que esse movimento continua acontecendo, ainda há guerras por todo o lado, vitimando e trazendo miséria, como na Síria... Muito triste. A cidade de onde meu bisavô partiu, Homs, não existe mais. Tanto bombardeio, tanta destruição.
Enfim, o post hoje da Blogagem 52 Semanas de Gratidão é para agradecer a este pequeno pedaço da Lapa que me acolhe e que eu adoro!!
Como a gente levanta bem cedo, agora no frio as ruas ficam cheias de névoa...
Aqui fica o ponto de ônibus mais antigo da cidade:
Pertinho de casa fica a biblioteca Clarice Lispector. Eu vinha nessa biblioteca quando era criança... preciso ir lá =) Muito fofa e bem cuidada!!
Apesar de estar aqui há mais de dez anos, ainda tem ruas que não conheci e que vou conhecendo aos poucos nas minhas caminhadas.
Sou grata pela oportunidade que Deus me concede de viver aqui. Gosto muito!
Se
você está chegando agora, saiba que junto com os posts desta blogagem,
estou colocando um planner para baixar gratuitamente. Se
tiver algum que você queira que eu não fiz, deixa a dica nos
comentários, ok?
Os arquivos que já estão disponíveis são:
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- Folhinha do Mês de Fevereiro
- Folhinha do Mês de Março
- Folhinha do Mês de Abril
- Folhinha do Mês de Maio
- Folhinha do Mês de Maio
- Planejador de Refeições
- Planejador Semanal
- Planejador Diário
- Planejador de Leituras
- Lista de Aniversários
- Planejador de Feriados de 2017
- Planejador de Senhas e Logins
- Planejador Financeiro (tem 4 páginas)
- Planejador de Séries
- Contatos
Para
baixar os arquivos em PDF, em tamanho A4, gratuitamente, para imprimir
quantas vezes quiser e usar à vontade, vá até o meu Google Drive, clique
no link abaixo:
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Paula:
ResponderExcluirLendo tua história lembrando dos refugiados, mundo a fora.
beijocas
Que legal poder contar essa história, mas uma pena não ter detalhes muito antigos. E que biblioteca linda! Boa semana. Bjs.
ResponderExcluirBoa noite, querida Paula!
ResponderExcluirTambém vou fazer belas caminhadas e visitas ao meu bairro pois fiquei 40 dias longe dele...
Bjm fraternal